A Comissão Europeia suspende as acções contra a Alemanha.
Durante anos, a rigorosa legislação alemã em matéria de jogos de azar entrou em conflito com a liberdade de prestação de serviços no âmbito dos tratados europeus. A Comissão Europeia tinha anunciado anteriormente a sua intenção de iniciar uma ação judicial contra a República Federal da Alemanha devido a estes conflitos. No entanto, numa reviravolta surpreendente, a Comissão optou agora por suspender os seus esforços e retirar-se completamente da questão.
Esta decisão não afecta apenas a Alemanha, mas também outros Estados-Membros com regulamentações inadequadas em matéria de jogos de azar, como a Holanda, a Hungria e a Polónia. Tendo servido como "guardiã dos tratados", a Comissão Europeia procurou anteriormente encorajar os Estados Membros a adoptarem legislação compatível com a UE no sector do jogo online. No entanto, sob a liderança de Jean-Claude Juncker, a Comissão está agora a descontinuar este plano, invocando como motivo a "mudança de prioridades". No futuro, os litígios entre as leis nacionais e os regulamentos da UE serão resolvidos pelos tribunais nacionais.
Esta notícia é uma grande desilusão para os críticos da legislação alemã sobre jogos de azar, uma vez que estes tinham anteriormente baseado os seus argumentos no facto de a legislação nacional violar a legislação da UE. A Comissão sublinha que esta decisão é política, não jurídica, e não implica uma carta branca para os Estados-Membros manterem as suas políticas de jogo restritivas. No entanto, é provável que as organizações e empresas que esperavam uma intervenção da UE vejam as suas posições enfraquecidas.
O sector manifesta o seu desapontamento
A liberdade de prestação de serviços é uma das quatro liberdades fundamentais da União Europeia. O seu objetivo é eliminar as barreiras comerciais e permitir que as empresas ofereçam os seus serviços em toda a UE. No entanto, é frequentemente prejudicada pelas regulamentações nacionais. Por exemplo, a legislação alemã em matéria de jogos de azar restringe principalmente os jogos de azar em linha e prefere os fornecedores estatais no sector offline (como o Lotto e o Oddset). Este facto dificulta a entrada das empresas europeias no mercado alemão e resulta numa zona cinzenta jurídica para as mesmas. A Comissão Europeia tem criticado sistematicamente esta situação e chegou mesmo a ameaçar com processos por infração, se necessário. A decisão da Comissão de recuar neste plano está a deixar o sector perplexo:
"As acções destes Estados-Membros restringem gravemente a liberdade de prestação de serviços, que deveria ser garantida pelos tratados da UE. Ao retirar-se, a Comissão Europeia está a ignorar a necessidade de medidas coercivas nesta área, uma vez que esta transgride inerentemente as fronteiras e não pode ser regulada apenas a nível nacional". Declaração da Remote Gambling Association (RGA)
A Comissão Europeia cita a sua lista de prioridades publicada em 2015 como motivo da sua decisão. A Comissão planeia abordar os processos de infração de forma estratégica e não em todos os casos. Poder-se-ia pensar que os jogos de azar em linha não são suficientemente importantes para justificar um recurso à Comissão. É curioso constatar que a lista da Comissão inclui a criação de um "mercado único digital" como segunda prioridade. É precisamente isso que o jogo em linha implica - um quadro legislativo aplicável a toda a Europa que a indústria, os reguladores e os clientes possam utilizar como guia. Em vez disso, temos agora uma miscelânea de regulamentos entre os Estados-Membros que a Comissão já não considera ser da sua responsabilidade.
O jogo em linha continua por resolver
Poder-se-ia argumentar que a Comissão não tem sido particularmente pró-ativa na resolução de problemas com os Estados-Membros relutantes no passado. Clive Hawkswood, diretor da RGA, comenta sarcasticamente o encerramento do processo, dizendo: "Nunca o tivemos, por isso não sentiremos a sua falta". Mas alerta para o facto de os Estados-Membros que violam o acordo, como a Alemanha, poderem sentir-se encorajados por esta medida da Comissão.
Os participantes no mercado afectados ainda podem recorrer à justiça, mesmo nos tribunais europeus. No entanto, a prossecução de um processo tão moroso e dispendioso acarreta riscos. Para além disso, a Comissão Europeia, outrora considerada uma poderosa executora dos princípios da UE, deixou de ser um aliado para aqueles que defendem uma regulamentação uniforme. Perante esta evolução, o futuro do mercado comum é incerto.
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Fonte: www.onlinecasinosdeutschland.com