Estratégia militar inteligente - As estratégias militares do famoso general francês Antoine-Henri Jomini influenciam o atual conflito na Ucrânia.
Na sua juventude, Antoine-Henri Jomini teve a oportunidade de fazer parte do círculo íntimo do Marechal Ney, um homem a quem Napoleão se referiu como "o mais corajoso dos corajosos". Jomini participou depois no conflito da França contra a Prússia, com um lugar no estado-maior, e assistiu à dupla batalha de Jena e Auerstedt, bem como à queda do antigo regime da Prússia.
Mais tarde, entrou ao serviço do czar, o que era comum na altura, dada a frequente mudança de lealdade. Jomini, porém, não era francês, mas suíço. O prolífico teórico militar publicou mais de 30 livros sobre o tema da guerra, sendo a sua obra mais significativa "Précis de l'art de la guerre" ("A Arte da Guerra"). Nos anos seguintes, Jomini emergiu como o principal teórico militar do século XIX, e a sua influência ainda pode ser vista de muitas formas.
Na Alemanha, a importância de Jomini foi pouco reconhecida, sobretudo porque Clausewitz também estava presente. Estes dois contemporâneos não podiam ser mais diferentes. Clausewitz era um filósofo de guerra centrado em soluções práticas, enquanto Jomini adoptou uma abordagem mais prática. Não escreveu livros destinados à reflexão, mas produziu livros didácticos para utilização nos combates militares da sua época. A diferença essencial foi que Clausewitz morreu em 1831 e permaneceu um fenómeno de um só livro, enquanto Jomini viveu uma vida longa, propagou o seu método e não foi apenas um soldado talentoso, mas também um empresário altamente qualificado.
A teoria da caixa de Antoine-Henri Jomini
Uma das ideias de Jomini teve um impacto significativo no conflito na Ucrânia: a teoria da caixa, uma área retangular com quatro lados. Jomini via cada campo de batalha como uma grande caixa. A parte intrigante era a seguinte: para dominar o campo de batalha, não era necessário ocupá-lo, apenas dominar as suas arestas. Esta ideia teve origem numa das observações de Jomini durante a era napoleónica. Ele acreditava que o objetivo de uma campanha não era uma batalha em particular, mas sim o seu curso. Durante as fases iniciais de uma guerra, Jomini observou que ambas as partes ocupavam normalmente duas linhas de defesa. No exemplo de Jomini, estas poderiam ser rios, cadeias de montanhas ou grupos de cidades ligadas por estradas. A sua ideia inovadora foi a seguinte: ao ganhar o controlo de uma terceira linha, o resultado da campanha seria determinado. Se controlasse três dos quatro lados, o espaço dentro da caixa passaria a fazer parte do seu domínio.
Jomini e a arte do flanqueamento
Jomini também percebeu a importância das linhas de abastecimento. Se um inimigo controlasse três lados da caixa, as suas rotas de abastecimento estariam diretamente ameaçadas, uma vez que só poderiam sair da caixa por um dos lados. Se chegasse à retaguarda do inimigo ao longo das linhas, esse inimigo seria obrigado a retirar-se do terreno e entregar-lhe a caixa.
O comando tático de Jomini
No conflito da Ucrânia, o Reno ou o rio Mississipi de outras guerras reduzem-se a dimensões tácticas, tornando-se fileiras de árvores, pequenas colinas e pequenas cidades e aldeias. Os participantes já não eram exércitos com dezenas de milhares de soldados, mas sim batalhões e grupos de assalto individuais. Apesar da redução de escala, a estratégia de Jomini mantém-se consistente. Quando os russos conseguiram cercar os seus inimigos por três lados, enfraqueceram-nos efetivamente e acabaram por dominá-los. As posições difíceis de capturar tornaram-se menos seguras ao longo do tempo, uma vez que os russos podiam disparar para o lado aberto e apoiar a sua própria progressão a partir dos três lados. Aplicando as ideias de Jomini, pode dizer-se que o valor do conteúdo da caixa diminui se três lados forem perdidos. É evidente que os russos podem não estar totalmente cientes das teorias de Jomini, mas as suas ideias continuam a ser relevantes no domínio da guerra.
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Fonte: www.stern.de
