Comboio de alta velocidade para Las Vegas: Possibilidade e acessibilidade a 400 dólares por bilhete?
O Brightline West é um projeto ferroviário de alta velocidade que começou a ser construído recentemente, com planos para viajar até 200 mph ao longo da mediana da I-15 entre Las Vegas e Rancho Cucamonga, Califórnia. Prevê-se que o projeto esteja concluído em 2028.
Durante a cerimónia de inauguração, o Secretário dos Transportes dos EUA, Pete Buttigieg, expressou o seu entusiasmo pelo futuro das viagens de comboio na América, dizendo: "Assim que o primeiro cliente comprar o primeiro bilhete para andar de comboio de alta velocidade em solo americano, não haverá retorno".
Mas o projeto continua a levantar várias questões. Com metade do seu orçamento de 12 mil milhões de dólares por contabilizar, será que a Brightline se tornará realmente uma realidade? E como é que pode competir quando os passageiros também têm de passar mais 45 minutos a viajar para Los Angeles?
Perguntámos a Harry Teng, professor de engenharia civil e ambiental na UNLV e um dos comissários da independente Nevada High Speed Rail Authority, o que pensa sobre estes desafios.
P: O conceito de um comboio de Las Vegas para Los Angeles existe desde 2005, tendo o XpressWest sido sugerido como uma opção para Victorville, na Califórnia. Porque é que demorou tanto tempo a acontecer?
R: No passado, não tínhamos dinheiro suficiente. Agora, com a lei das infra-estruturas recentemente aprovada, temos mais recursos disponíveis. Além disso, a mudança da localização de Victorville para a mediana da I-15 torna o projeto mais viável.
P: O governo dos EUA disponibilizou 3 mil milhões de dólares e acesso a 3,5 mil milhões de dólares em obrigações isentas de impostos para o projeto. De onde virá o resto do orçamento de 12 mil milhões de dólares?
R: Eles vão adquirir financiamento privado. Wes Edens, o fundador e presidente da Brightline West, é um indivíduo rico que é coproprietário dos Milwaukee Bucks e do Aston Villa Football Club. Ele está interessado em trazer uma equipa da Major League Soccer para Las Vegas. Portanto, encontrar os fundos necessários não deve ser um grande problema.
P: Há algum desafio de engenharia associado à construção desse trilho?
R: Sim, há várias preocupações. A circulação de um comboio no meio de uma autoestrada apresenta desafios devido às suas curvas apertadas. Os automóveis conseguem fazer estas curvas confortavelmente a velocidades de 80, 90 ou mesmo 100 mph. No entanto, os comboios de alta velocidade requerem uma velocidade de 180 mph na via, o que é demasiado rápido para estas curvas. Para ultrapassar este problema, o comboio teria de abrandar à medida que se aproxima destas zonas.
Outro problema são os ventos fortes. A existência de dois comboios acoplados exigirá uma via mais forte para suportar a força do vento. Além disso, o vento do deserto pode ser imprevisível, o que aumenta a complexidade do projeto.
P: Como é que vão resolver estes problemas?
R: Estão a planear utilizar sensores ao longo da via para monitorizar o vento e a temperatura, ajustando a velocidade do comboio para garantir a segurança.
P: E quanto ao declive acentuado no Cajon Pass, que tem uma inclinação de 6% ao longo de 4 milhas?
R: A potência do comboio não será um problema devido à sua elevada velocidade. O comboio deve ser suficientemente forte para gerir o declive.
P: Há alguma coisa que possa impedir o projeto nesta fase?
R: Não, é pouco provável que alguma coisa o impeça devido ao substancial apoio financeiro e ao apoio do governo.
P: E se houver pouca procura quando o comboio for inaugurado? Muitos utilizadores das redes sociais observaram que o custo de 400 dólares por pessoa para um bilhete de ida e volta é demasiado elevado, em comparação com o custo de conduzir um carro a cerca de 60 cêntimos (260 dólares) por milha e viajar com cinco pessoas.
R: O preço pode ser elevado, mas é uma questão de jogar o jogo. Se não houver procura suficiente, terão de baixar o preço. O mercado tem a palavra final.
P: Que outras estratégias a Brightline pode utilizar para atrair passageiros?
R: Podem oferecer preços reduzidos para determinados grupos, como veteranos e idosos. Além disso, podem diferenciar os preços dos bilhetes, cobrando mais pelas carruagens topo de gama e menos pelos lugares de autocarro. Por último, podem considerar a possibilidade de criar "comboios de festa" para atrair celebridades, cobrando até $1.000 por pessoa por um bilhete de ida e volta.
P: Mesmo com estas medidas, o custo de ida e volta continuaria a ser superior ao de um automóvel. Isso será um problema?
R: Pode ser, mas a diferenciação de preços com base na qualidade da viagem de carro e em serviços especiais pode ajudar a atrair clientes. Além disso, preços mais elevados em determinados dias, como as sextas-feiras e os domingos, poderiam atrair as pessoas que querem evitar atrasos no trânsito.
Em geral, o projeto parece ser um desafio devido aos potenciais problemas de engenharia e à concorrência com outros meios de transporte, mas com os fundos necessários e o apoio do governo, é improvável que fracasse.
R: Para ser sincero, o Metrolink é uma óptima opção de transporte para várias zonas do sul da Califórnia. No entanto, é fundamental que a Metrolink e a Brightline colaborem eficazmente, assegurando transferências sem problemas e sem atrasos entre os comboios. A Brightline poderá ter de compensar a Metrolink de alguma forma pela sua cooperação.
P: Em suma, prevê o êxito deste serviço ferroviário?
R: Sim, sem dúvida. Acredito que atrairá muitos passageiros.
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Fonte: www.casino.org