Jogador não binário perde caso de direitos humanos depois de usar a casa de banho das mulheres
Um jogador canadiano que se identifica como não-binário enfrentou um operador de casino num tribunal de direitos humanos. A disputa era sobre casas de banho e o queixoso perdeu. Segundo o Castanet, um portal de notícias da Colúmbia Britânica.
Christopher Iversen estava a jogar nas máquinas caça-níqueis às 5h30 da manhã numa propriedade anónima dos Gateway Casinos quando a natureza o chamou, de acordo com os documentos apresentados ao Tribunal de Direitos Humanos da Colômbia Britânica em Vancouver.
Iversen utilizou a casa de banho das mulheres depois de ter encontrado a casa de banho dos homens fechada. Iversen disse então que foi abordada pela segurança do casino, que lhe pediu para ver a sua identificação. Foi dito a Iversen que "de acordo com a sua identificação, não é mulher" e foi acusada de utilizar a "casa de banho errada".
Iversen relatou nos autos do tribunal que se sentiu "ridicularizada" e "menosprezada". Isto depois de o gerente do casino os ter informado de que "qualquer pessoa transgénero deve dirigir-se ao balcão de atendimento ao cliente à entrada para fazer o 'check-in' e utilizar a 'outra' casa de banho".
O casino pediu-lhes então que saíssem, segundo Iverson.
Relatos divergentes
A versão dos factos apresentada pela Gateway era muito diferente, segundo o tribunal. A empresa, que explora 23 casinos na Colúmbia Britânica, em Alberta e em Ontário, negou que Iversen se tivesse ido embora.
A Gateway alegou que pediu a Iversen que transferisse a conversa para o átrio do casino depois de Iversen ter ficado "zangada e agitada" quando os seguranças questionaram a utilização da casa de banho das mulheres. Os funcionários também os informaram de que existia uma única casa de banho sem género.
Mas Iversen ameaçou processar o casino e informar os meios de comunicação social, alegando que conhecia altos funcionários do governo e que iria "enriquecer" com a situação, de acordo com o relato da Gateway.
Longe de ser expulso, Iversen permaneceu a escrever notas e a tirar selfies durante cerca de 15 minutos, antes de finalmente sair por sua própria iniciativa, afirma o operador.
Iversen enviou uma carta de reclamação ao casino 11 meses mais tarde. O gerente do casino respondeu e pediu desculpa, acrescentando que o comportamento discriminatório não era tolerado no estabelecimento. As duas partes entraram então em mediação, que fracassou.
Acordo de 7 mil dólares rejeitado
Quando Iversen levou o caso ao tribunal de direitos humanos, o casino ofereceu um acordo de 7.000 dólares, prometeu atualizar a sua política e formação e enviou a Iversen uma carta de desculpas.
Iversen rejeitou a proposta, declarando que o caso era "inovador". Afirmaram que, a menos que o caso fosse ouvido pelo tribunal, outras empresas poderiam fazer o mesmo.
O tribunal discordou, determinando que o caso envolvia um "incidente único e relativamente breve", sem "insultos, violência ou assédio relacionados com a identidade".
"As medidas não monetárias demonstram que a Gateway levou a sério as alegações do queixoso e reflectem a intenção de evitar acontecimentos futuros", escreveu o painel do tribunal.
Os $7.000, que o painel descreveu como "razoáveis", continuam em cima da mesa.
Iversen disse à direção do casino que conhecia pessoas influentes no governo e ameaçou usar essa ligação para gerar cobertura noticiosa sobre o incidente no casino. Após a altercação, Iversen esperou e tirou selfies no átrio do casino durante 15 minutos antes de sair.
Apesar de a Gateway Casinos ter oferecido um acordo de $7.000 e de ter revisto as suas políticas, Iversen recusou a oferta, afirmando que considerava o caso um precedente significativo que tinha de ser ouvido pelo tribunal dos direitos humanos, uma vez que poderia abrir um precedente para outras empresas.
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